Doação de óvulos: como funciona?

A par dos espermatozóides, os óvulos constituem-se os maiores protagonistas entre as muitas células, órgãos e sistemas envolvidos na reprodução humana. Embora, hoje em dia, os tratamentos de fertilidade resolvam uma grande parte dos problemas dos casais que não conseguem obter uma gravidez por métodos naturais, há casos em que a única solução possível é recorrer a gâmetas doados. 

Neste sentido, a lei portuguesa prevê que homens e mulheres adultos que cumpram certos pré-requisitos possam doar os seus gâmetas, de forma anónima, em centros autorizados (como é o caso da Cemeare). A doação de óvulos é, assim, um ato voluntário, de caráter benévolo, uma vez que, através dele, mulheres saudáveis podem ajudar casais hetero ou homossexuais (de mulheres, neste caso) ou mulheres sem parceiro a cumprir o seu desejo de ter filhos. Contudo, apesar do cariz voluntário, as dadoras de ovócitos têm direito a uma compensação financeira (no valor máximo de 960,86€), com vista a cobrir as despesas ou prejuízos eventualmente inerentes ao processo de doação.

Doar óvulos: procedimento

Com uma taxa de sucesso de cerca de 50% a 60%, o processo de doação de óvulos inicia-se com a avaliação médica e psicológica. Nesta primeira fase, as potenciais dadoras são consultadas por um especialista em medicina da reprodução e um psicólogo, com vista a fazer uma primeira avaliação da sua capacidade para doar óvulos. Nesta fase, são fornecidas à mulher todas as informações acerca do processo a que se deseja submeter e são ainda debatidos com ela todos os fatores envolvidos no procedimento. Além disso, é nesta fase preliminar que deve ser preenchido um questionário clínico.

Numa segunda fase, é realizado um exame ginecológico completo (que inclui ecografias ao útero e aos ovários), bem como testes para despiste de doenças genéticas e análises ao sangue. Estas têm como objetivo confirmar a inexistência de doenças sexualmente transmissíveis, tais como a hepatite B e C, o HIV e a sífilis. Estes exames complementares de diagnóstico permitem avaliar o estado de saúde da dadora, para ser candidata a doação de óvulos.

Se as duas fases anteriores do procedimento de doação de ovócitos levarem a concluir que a mulher está apta a fazer a doação, é, então, iniciado o tratamento que visa a obtenção dos ovócitos. Geralmente, este inicia-se no segundo ou terceiro dia de menstruação da dadora e consiste na estimulação dos ovários, através de hormonas que levam à formação de um número de ovócitos mais elevado do que num ciclo normal. Para tal, recorre-se a injeções subcutâneas, administradas, normalmente, durante um período de 10 dias (podendo ser administradas pela própria mulher ou pelos profissionais do centro onde é feita a doação), processo este que é monitorizado ao longo do tempo, com recurso a 2 a 3 ecografias.

Terminado o período de estimulação, é chegado o momento de realizar a doação propriamente dita, ou seja, o procedimento de punção ovárica. Com a duração aproximada de 20 minutos, este processo é realizado com o apoio de uma ecografia endovaginal e com recurso a sedativos ligeiros, por forma a evitar qualquer desconforto que a extração possa eventualmente causar. Está, então, concluída a dádiva! Nas 2 a 3 horas subsequentes é apenas aconselhado que a dadora permaneça em vigilância e, poderá realizar uma consulta posterior para avaliação do seu estado de saúde. De salientar que o ciclo menstrual da dadora voltará ao normal em pouco tempo, surgindo-lhe a menstruação cerca de 7 a 10 dias após a colheita dos ovócitos.

Doação de óvulos | Quem pode doar?

Dissemos anteriormente que, para ser elegível para doar óvulos, uma mulher deve cumprir certos pré-requisitos. Mas quais são eles?

Segundo o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, “a doação de ovócitos está consagrada na legislação portuguesa e pode ser levada a cabo por qualquer cidadão tido como saudável, nomeadamente sem história de doenças genéticas, doenças de transmissão sexual ou outras consideradas graves”. Além disso, no caso das mulheres, para que possam ser dadoras, devem:

  • Ter entre 18 e 33 anos;
  • Ter doado ovócitos em menos do que quatro ocasiões;
  • Ter doado ovócitos há mais de 3 meses.

Se cumpre estes requisitos e gostava de ajudar outras famílias a concretizar o seu sonho, é hora de pensar em ser solidária e doar ovócitos.

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