Tudo o que precisa de saber sobre a Procriação  Medicamente Assistida

A Procriação Medicamente Assistida (PMA) consiste num conjunto de metodologias clínicas destinadas ao tratamento de casais em situação de infertilidade conjugal. Além disso, segundo o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, podem também recorrer a este tipo de tratamentos:

  • Casais que, apesar de não lhes ter sido diagnosticada infertilidade, têm histórico de doenças familiares graves que podem ser evitadas na descendência, se se recorrer a testes genéticos pré-implantação;
  • Mulheres sem parceiro/a;
  • Casais de mulheres.

Estes tratamentos devem ser feitos em Centros de PMA autorizados, como é o caso da CEMEARE. Saiba quais são os tratamentos disponíveis e como funciona a Procriação Medicamente Assistida.

Como saber se terei de recorrer à Procriação Medicamente Assistida?

Está a tentar conceber há mais de um ano, mantendo uma atividade sexual regular e sem recurso a métodos contracetivos, mas ainda não conseguiu alcançar a gravidez? Então, está na hora de marcar uma consulta de avaliação diagnóstico para o casal, de modo a que a causa da infertilidade possa ser detetada. Para tal, será necessário recorrer a exames complementares de diagnóstico, tanto ao homem como à mulher.

Porém, mesmo que a infertilidade seja confirmada, isso não significa que se tenha de partir logo para a aplicação de técnicas de Procriação Medicamente Assistida. Nalguns casos, o médico poderá começar por aconselhar tratamentos (através de medicação oral ou injetável) para indução da ovulação. Neste caso, tal como explica a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, o que acontece é que, ao determinar o período em que a ovulação irá ocorrer, torna-se mais fácil determinar o período fértil da mulher, pelo que a ocorrência de relações sexuais nesse período poderá facilitar a conceção natural

Se o seu caso se inserir numa das situações acima mencionadas, deverá marcar uma consulta de avaliação diagnóstico, para que todas as soluções terapêuticas sejam equacionadas, de modo a determinar a mais adequada para o seu caso.

Até que idade é possível recorrer a tratamentos de PMA? 

O limite de idade para o recorrer à Procriação Medicamente Assistida varia consoante o local escolhido para a realização dos tratamentos, isto é, centros de PMA públicos e privados:

  • em clínicas privadas, apenas existe idade limite definida para a mulher, estipulada nos 49 anos + 365 dias (50 anos), utilizando óvulos doados (a taxa de sucesso diminui progressivamente após os 40 anos);
  • em hospitais públicos, apenas são financiados tratamentos a casais em que a mulher tenha menos de 40 anos (nos casos dos tratamentos FIV e ICSI) ou menos de 42 anos (no caso de IIU).

Quais os tratamentos de PMA disponíveis?

Quando uma abordagem inicial mais simples (como a indução da ovulação) não resulta ou nos casos específicos de mulheres sem parceiro ou casais de mulheres, é hora de avançar para a Procriação Medicamente Assistida. Esta pode ocorrer com recurso a gâmetas (ovócitos e espermatozoides) próprios ou doados.

Na CEMEARE, pode realizar os vários tratamentos de PMA possíveis: Inseminação Intra-Uterina (IIU), Fertilização In Vitro (FIV), Microinjeção Intracitoplasmática de Espermatozóide (ICSI) e Transferência de Embriões Criopreservados (TEC). Explicamos, de seguida, em que consiste cada um e em que casos são aconselhados.

Inseminação Intra-Uterina (IIU)

São vários os casos em que a IIU é recomendada. Por exemplo, pode ser feita por ausência de ovulação espontânea, disfunções sexuais ou infertilidade de causa desconhecida. 

Este tratamento consiste na preparação de espermatozoides (do parceiro da mulher ou doados) em laboratório e sua introdução no útero. Este procedimento é realizado após estimulação controlada do crescimento folicular, de modo a monitorizar a ocorrência da ovulação.

Geralmente, a inseminação ocorre 8 a 10 dias após o início da administração de medicação (comprimidos ou injeções que podem ser administradas pela própria mulher). No dia determinado, a mulher e o seu parceiro devem dirigir-se à clínica e será nesse próprio dia que o esperma é recolhido e tratado em laboratório, para posterior introdução no útero (nos casos em que a IIU é feita com esperma doado, os espermatozoides são também descongelados nesse dia).

2 semanas após a inseminação, a mulher deverá realizar um teste de gravidez.

Fertilização In Vitro (FIV)

A FIV é recomendada em várias situações clínicas (mais complexas do que aquelas que levam ao aconselhamento da IIU) e também nos casos em que outras abordagens anteriores falharam. Tal como explicamos neste artigo, ocorre em cinco fases:

  1. Estimulação ovárica;
  2. Punção (colheita dos ovócitos sob sedação)
  3. Fecundação dos óvulos em laboratório;
  4. Cultura embrionária em laboratório;
  5. Transferência embrionária.

Neste tratamento, são desenvolvidos os embriões, sendo um transferido para o útero da mulher e os restantes criopreservados, para uma eventual utilização futura

O teste de gravidez deve ser realizado cerca de 15 dias após a punção.

Microinjeção Intracitoplasmática de Espermatozoide (ICSI)

Esta é uma técnica de Procriação Medicamente Assistida indicada para situações de causa masculina ou quando falharam anteriores tratamentos de FIV.

Neste caso, a diferença fundamental em relação à FIV é que o espermatozóide é injetado diretamente no óvulo, em laboratório, de forma a aumentar o sucesso da fecundação e consequente formação do embrião.

Transferência de Embriões Criopreservados (TEC)

A lei portuguesa permite a criopreservação de embriões de qualidade que resultem dos tratamentos de PMA, de forma a aumentar a sua taxa de sucesso. Assim, nos casos em que um casal recorre a tratamentos e a gravidez não é bem sucedida, não será necessário voltar a passar por todo o processo (estimulação ovárica e colheita de óvulos) para a realização de novas tentativas.

Quais as taxas de sucesso da Procriação Medicamente Assistida?

De acordo com os dados da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, as taxas de sucesso dos tratamentos são as seguintes:

  • Inseminação Intra-Uterina com gâmetas próprios: 10 a 15% por tentativa;
  • IIU com espermatozoides doados: 15% a 20% por tentativa;
  • Fertilização In Vitro e ICSI: 25% a 30% por tentativa, em mulheres até aos 40 anos (após essa idade, as taxas de sucesso reduzem progressivamente).

Existem complicações associadas à Procriação Medicamente Assistida?

As técnicas de PMA estão já muito avançadas cientificamente. Segundo o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, Portugal é um dos países da Europa que tem acompanhado o desenvolvimento destas técnicas.

Assim, a verdade é que, de acordo com a  Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, “as complicações relacionadas com estes tratamentos têm vindo a diminuir de forma muito significativa nos últimos anos”, nomeadamente a gravidez múltipla (que acaba por acarretar mais riscos para a grávida e para os bebés) e uma possível resposta excessiva dos ovários à estimulação

Porém, no primeiro caso, o que tem vindo a ser aconselhado é a transferência de apenas um embrião para o útero, sobretudo em mulheres com menos de 35 anos, de forma a diminuir esse risco. Já no segundo caso (síndroma de hiperestimulação dos ovários), a sua prevalência é, atualmente, inferior a 1%, devido à cada vez mais exigente monitorização das pacientes e aplicação de fármacos durante o processo.

Assim, pode concluir-se que não existem riscos de maior associados aos tratamentos de PMA.

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