Tudo o que precisa de saber sobre doação de óvulos

À nascença, um corpo feminino detém um conjunto de cerca de 500 000 a 1 000 000 de ovócitos que, ao longo da vida, se vão perdendo progressivamente. Assim, quando a mulher se aproxima dos 45 anos, a sua fertilidade está praticamente esgotada, tendo em conta que, todos os meses, ao longo da sua vida, vários óvulos são desperdiçados.

Apesar de a medicina reprodutiva ter conhecido avanços muito significativos nas últimas décadas, em todo o mundo, os problemas de fertilidade continuam a ser uma realidade. Assim, para muitos casais que desejam ter filhos, a doação de óvulos acaba por se afigurar como a única solução viável para a concretização desse sonho.

Neste artigo, vamos procurar esclarecer todas as dúvidas acerca da doação de gâmetas femininos (óvulos), um gesto altruísta que pode ter um papel fulcral na vida de outras famílias.

O que é a doação de óvulos?

A doação de óvulos é uma técnica de procriação medicamente assistida realizada pela primeira vez com sucesso na década de 1980. Esta consiste na doação de gâmetas femininos por parte de mulheres elegíveis para tal. Após a recolha dos ovócitos doados, estes são fertilizados através de microinjeção (com recurso a espermatozóides do companheiro da recetora ou recolhidos através de um banco de sémen) e, após alguns dias de acompanhamento do desenvolvimento dos embriões, transferidos para o útero da recetora.

Quem pode doar óvulos?

Segundo a legislação portuguesa (Lei n.º 12/2009 de 26 de março), a seleção das dadoras deve ser feita “com base na idade, saúde e antecedentes médicos”. Assim, existem três pré-requisitos que as candidatas devem cumprir para poderem ser dadoras de óvulos:

  • Ter entre 18 e 34 anos;
  • Não ter doenças sexualmente transmissíveis;
  • Não padecer de doenças hereditárias ou genéticas.

Além disso, a mulher não poderá ter doado gâmetas em mais de quatro ocasiões e, no caso de repetição da dádiva, esta não pode ter ocorrido há menos de 3 meses. Preenchendo estes pré-requisitos, a mulher pode marcar uma consulta num Centro de Procriação Medicamente Assistida autorizado, para avaliação da sua elegibilidade para doação.

Quem doa óvulos poderá ter problemas para engravidar no futuro?

Segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, a doação não afeta a fertilidade da dadora. Independentemente de fatores como fazer ou não uso de contracetivos, estar ou não a passar por tratamentos de estimulação ovárica, a verdade é que, todos os meses, o próprio organismo feminino inutiliza óvulos.

Para mais, no processo de doação, o número de óvulos é igual aos dos que acabariam por ser desperdiçados pelo próprio corpo feminino. 

Como é feita a doação de óvulos?

O processo de doação de gâmetas (quer sejam femininos, isto é, doação de óvulos, ou masculinos, ou seja, doação de esperma) pode ser sintetizado em três passos: 

  1. Avaliação médica e psicológica;
  2. Realização de exames complementares de diagnóstico;
  3. Realização do tratamento para obtenção de ovócitos (estimulação hormonal e colheita de óvulos).

Na primeira fase, as potenciais dadoras são submetidas a um processo de avaliação médica (com um especialista em medicina da reprodução) e psicológica (com um psicólogo especializado na área). Nesta fase, são avaliadas as motivações que levam a mulher a querer tornar-se dadora, fornecendo-lhe todas as informações ao nível das implicações éticas, legais e sociais associadas à doação, bem como uma explicação geral de todo o processo. Além disso, nesta fase prévia, é solicitado às potenciais dadoras que preencham um questionário clínico, que deve ser assinado sob compromisso de honra.

A segunda fase do processo consiste na realização de um exame ginecológico completo (que inclui uma ecografia ao útero e aos ovários), bem como de exames complementares de diagnóstico que permitam despistar determinadas doenças (nomeadamente doenças sexualmente transmissíveis e doenças genéticas).

Caso os dois primeiros passos sejam concluídos com sucesso, inicia-se então a doação propriamente dita. Em primeiro lugar, a dadora é submetida a um tratamento que visa estimular os ovários, feito geralmente com recurso a injeções subcutâneas, em períodos que duram normalmente 8 dias. Após este tratamento, que vai sendo monitorizado através de ecografias, é então realizada a punção ovárica, isto é, o procedimento para extração dos óvulos. Este é realizado sob efeito de sedativos e analgésicos, de forma a reduzir o desconforto, com apoio de uma ecografia endovaginal. 

Após este procedimento, a dadora fica em vigilância durante 2 a 3 horas, findos os quais pode regressar à sua vida normal. 

Quero ser dadora de óvulos

Agora que já sabe o que é a doação de óvulos e que este é um procedimento simples, já pensou em como a sua generosidade pode fazer a diferença na vida de alguma família? Seja para um casal heterossexual com problemas de fertilidade, para uma mulher solteira que tenha o sonho de ser mãe ou para um casal de mulheres) que deseje ter filhos, os seus óvulos podem fazer toda a diferença.

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